Postagens populares

domingo, 17 de maio de 2009

GRIPE H1N1 (SUÍNA)




"A Organização Mundial da Saúde elevou o nível de alerta para o vírus, cujo nome formal é H1N1, indicando uma “pandemia iminente”. Agora, funcionários das agências de saúde relatam que, embora o vírus esteja bem espalhado, a maioria dos casos parece ser leve. As pessoas são avisadas para não entrar em pânico, mas as escolas de algumas comunidades permanecem fechadas.

O fato da ameaça iminente estar se acalmando é uma boa notícia. Todavia, questões sobre o vírus e se ele surgirá no hemisfério Sul, ou novamente na América do Norte, no próximo outono, continuam. Aqui estão algumas respostas.

P: A gripe comum mata 150 pessoas por dia durante a estação gripal. Por que todos estão tão preocupados a respeito desse tipo específico?

R: É um vírus novo e incomum. A maioria dos vírus da gripe possui dois elementos genéticos, mas o H1N1 possui quatro: dois tipos de gripe suína, um de gripe aviária e alguns genes humanos de gripe, disse o Dr. Neil O. Fishman, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Pensilvânia. O vírus também mostrou ser capaz de infectar rapidamente muitas pessoas, como fez numa escola no bairro do Queens, em Nova York.

É um precedente histórico que alimenta a maior parte das preocupações atuais. Na pandemia de 1918, o vírus era relativamente brando quando aparece pela primeira vez na primavera. Porém ele voltou com todo durante o outono. “Isso é o que deixou muitos peritos assustados”, disse Fishman. “Quando ele retorna, existe a possibilidade de ser mais virulento."

P: A gripe geralmente ataca os idosos e aqueles cujo sistema imunológico está comprometido. Esta variação parece infectar mais os jovens. Por quê?

R: De acordo com funcionários do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA, isso pode estar relacionado aos padrões de viagens da primavera ou ao fato de que as pessoas mais velhas têm mais imunidade natural, adquirida após anos de exposição a uma variedade de vírus da gripe. Na pandemia de 1918, e na epidemia de Sars desta década, na Ásia, os vírus pareciam mais fatais em adultos jovens e saudáveis. O motivo pode ser que o sistema imunológico de uma pessoa saudável reage com força demais quando detecta um novo vírus, preenchendo os pulmões com fluido. Essa reação exagerada é chamada de “tempestade de citocinas”.

Em 1918, houve relatos de pessoas morrendo horas após desenvolver os sintomas. “Isso não acontece porque você tem uma gripe virulenta”, disse Laurie Garrett, membro-sênior para saúde global do Conselho de Relações Exteriores e autora do livro "The Coming Plague: Newly Emerging Diseases in a World Out of Balance" (Penguin, 1995). “Isso acontece porque o corpo todo fica fora de controle."

Ela acrescentou que, mesmo com os pacientes de SARS sendo mantidos nas alas de AIDS de hospitais, pacientes com HIV e AIDS aparentemente não contraíram a doença. Isso sugere que a verdadeira ameaça era mais uma forte reação imunológica do que os sintomas do próprio vírus.

P: Estou tossindo e febril. Eu deveria ser examinado em busca da nova gripe?

R: A maioria das pessoas que exibe sintomas de gripe não será examinada em busca do H1N1. Há um número limitado de locais de exames que podem confirmar um caso. Se você tem a nova gripe, ou outro tipo de gripe, o conselho dos especialistas é o mesmo. Ligue para seu médico e veja se ele o considera um candidato a um tratamento antiviral com o oseltamivir. Em alguns casos, um médico pode solicitar um exame rápido.

“Você está melhorando ou piorando?", disse o Dr. Michael R. Anderson, chefe de medicina do University Hospitals Case Medical Center, em Cleveland. “Se você está com a temperatura levemente elevada e tossindo há alguns dias, espere um pouco mais. Se está no segundo dia de sintomas e sua febre é de 40ºC, tosse a cada cinco minutos, ao ponto de ter problemas para respirar e falta de ar, não me importa qual o tipo de vírus – eu buscaria tratamento médico."

Não confunda gripe com outras doenças respiratórias. Uma característica da gripe é que ela não se aproxima de você lentamente. “Faça consigo mesmo o teste da marreta”, disse Garrett. “Você está vagamente distraído e de repente parece que alguém acabou de marretar sua cabeça? Isso é a gripe."

P: Existem motivos para se estar menos preocupado com a gripe suína agora do que há uma semana?

R: Sim. Nos últimos dias, análises de sequenciamento genético dessa gripe sugeriram que ela não é tão virulenta quanto se suspeitava. Faltam certas proteínas e aminoácidos que a tornariam tão mortal quanto outras gripes. Parece similar o bastante a outros problemas para os quais a maior parte das pessoas possui alguma imunidade. Pesquisadores começaram até mesmo a especular se a vacina contra gripe deste ano, que protegia contra uma forma da gripe H1N1, pode ter oferecido uma proteção parcial contra a versão suína.

P: Seria melhor comprar uma máscara, só por via das dúvidas?

R: Os funcionários de saúde que entrevistei não estão estocando suprimentos pessoais de máscaras para seus familiares. “Não levei nenhuma para casa”, disse Fishman.

As máscaras faciais não são especialmente eficazes contra a disseminação da gripe. O principal efeito pode ser o “distanciamento social”: máscaras afastam as pessoas umas das outras.

Se a gripe progredir para uma pandemia, a resposta mais eficaz será limitar os encontros públicos. Em 1918, por exemplo, a epidemia em St. Louis foi leve porque as autoridades fecharam escolas, igrejas e cinemas. Ao mesmo tempo, a Filadélfia, que teve uma das mais altas taxas de mortalidade, organizou uma parada militar pública no início da epidemia.

“Isso é circunstancial, mas é o tipo de pensamento que está por trás das estratégias de suavização da comunidade”, disse Fishman.

P: Agora que o susto da gripe suína parece ter se esvanecido, significa que todos nós exageramos na reação?

R: “Trata-se do clássico problema na saúde pública, tentando provar uma negativa”, disse Garrett. “Se, após uma intervenção, nada acontecer, então todos dizem, ‘Qual era o grande problema?’”

Mas o curso que a gripe suína tomará no Hemisfério Sul – e, neste próximo outono, no Hemisfério Norte – ainda não é claro. Vale considerar o que poderia ter acontecido se os funcionários de saúde pública não houvessem soado a alarme.

“Acho que o mundo todo deveria estar dizendo ‘Gracias, amigos’ aos mexicanos pelo enorme sacrifício feito por eles”, disse Garrett. “Isso pode ter brecado o que, de outra maneira, seria uma séria pandemia. Algumas pessoas vão olhar para trás e dizer: ‘Aquilo não foi ridículo? Não foi uma reação exagerada?’, mas, em New Orleans, não teríamos preferido uma reação exagerada capaz de construir barragens altas do que fazer nada e permitir a inundação da cidade?”

Nenhum comentário:

Postar um comentário